Desde que passou a ser disputado, ainda na década de 1980, o Campeonato Estadual de Futebol Amador – Fase Oeste – nunca havia sofrido uma paralisação tão longa quanto a da edição de 2025. A competição está suspensa desde o dia 15 de junho, data em que começaria a fase das pré-quartas de final.
Na ocasião, a Liga Esportiva Fronteirista anunciou, por meio de comunicado nas redes sociais, o cancelamento da rodada. A medida atendeu a um despacho da Comissão Disciplinar da Região Oeste, que deferiu um efeito suspensivo até o julgamento de um recurso voluntário impetrado pelo Figueira, de Palmitos. A equipe foi penalizada com a perda de seis pontos por ter utilizado, supostamente, um atleta irregular em duas partidas.
Discordando da decisão, o clube recorreu e aguarda a nova avaliação da Comissão. Caso os pontos sejam restituídos, o Figueira assumiria a vaga do Beija-Flor, de Lacerdópolis.
A paralisação prejudica diretamente os clubes, atletas, comissões técnicas e até mesmo a imprensa regional, que tem no Estadual de Amadores um de seus principais focos de cobertura. Profissionais de rádio e canais de transmissão online estão sem atividades aos fins de semana, o que impacta também financeiramente os veículos. A interrupção compromete o calendário, a preparação das equipes, a rotina dos torcedores e a receita dos clubes.
A Rádio Alternativa entrou em contato com técnicos das equipes classificadas para a próxima fase da competição e colheu suas opiniões sobre a paralisação, que já dura quase 30 dias. Foram entrevistados:
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Ederson Floss (AJAP – Pinhalzinho)
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João Paulo (Cometa – Itapiranga)
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Ricardo Branco (Grêmio Santa Lúcia)
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Marcelo Batistela (Guarani – Xaxim)
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Erudinei Piccoli (Grêmio Cultural Ipanema – Mondaí)
As perguntas foram as mesmas para todos os entrevistados. Confira as respostas:
1 – De que forma a paralisação afeta sua equipe?
Ederson Floss – AJAP:
"Atrapalha muito. Quando você se organiza para um campeonato desse nível, tudo é planejado com antecedência. Os atletas priorizam o Estadual, e uma pausa como essa afeta o foco e o ritmo. Como equipe, ficamos com dúvidas sobre como reorganizar o grupo."
Piccoli – Ipanema:
"Essa paralisação afeta todas as equipes. São mais de 20 dias parados. Estávamos em um ótimo ritmo, com a melhor campanha da primeira fase. Essa pausa tira o foco e o brilho da competição."
Ricardo Branco – Grêmio Santa Lúcia:
"Afeta todas as equipes, tanto na parte motivacional quanto no entrosamento e entendimento tático."
Marcelo Batistela – Guarani de Xaxim:
"Afeta bastante. Como somos amadores, não temos treinos regulares. A equipe estava evoluindo, e agora perde ritmo. Jogar uma partida decisiva após 30 dias parados é complicado."
João Paulo – Cometa:
"A interferência é enorme. Estávamos em uma crescente. A paralisação foi um balde de água fria."
2 – Houve algum ponto positivo com a paralisação? Conseguiu recuperar atletas, treinar ou ajustar o time?
Ederson Floss:
"Mesmo com alguns atletas no DM, não vejo nada positivo. Os treinos perdem a direção e o foco, já que não sabemos quando jogaremos ou quem será o adversário."
Piccoli:
"Para equipes com elenco grande e lesionados, pode ter sido positivo. Mas no nosso caso, sem jogadores no DM, a paralisação só trouxe prejuízo. Estávamos preparados para seguir."
Ricardo Branco:
"Prefiro não comentar sobre esse ponto."
Marcelo Batistela:
"Finalizamos a primeira fase com todos os atletas bem. A equipe estava em ascensão. Essa pausa nos prejudica muito."
João Paulo:
"Não tivemos nenhum ponto positivo. Estávamos no melhor momento, com todos os jogadores à disposição. A pausa nos desestabilizou."
3 – Em relação ao torcedor, pode ter havido desmotivação?
Ederson Floss:
"Se para nós, dirigentes, faltam informações, imagine para os torcedores. Muitos acompanhavam rodada a rodada. A paralisação tirou o brilho da competição, mas os mais fiéis devem retornar."
Piccoli:
"Em Mondaí temos uma torcida apaixonada. Essa pausa afeta o torcedor mais do que a comissão técnica. Parece que começaremos um novo campeonato."
Ricardo Branco:
"Nossa torcida continua motivada. A expectativa é ainda maior, já que é a primeira vez que estamos classificados para as quartas de final. A paralisação não nos abalou."
Marcelo Batistela:
"Acredito que não afeta tanto, mas o clima frio desmotiva. O campeonato deveria ser disputado no verão. No inverno, o público diminui, e os campos sofrem mais."
João Paulo:
"Para o torcedor do Cometa, foi uma desmobilização. Estávamos em uma ótima fase e o público respondia. Esperamos que continuem ao nosso lado na retomada."
4 – Na sua visão, a Liga e a Comissão Disciplinar poderiam ser mais ágeis nas decisões?
Ederson Floss:
"Entendo que há regras e prazos, mas um campeonato dessa magnitude precisa estar mais preparado para esse tipo de situação. Falta comunicação. Não recebemos nenhum documento formal com posicionamentos da Liga."
Piccoli:
"Não quero me aprofundar nesse assunto, mas acredito que tudo precisa ser resolvido o mais rápido possível. O campeonato está perdendo o brilho. É preciso rever o regulamento para evitar isso nas próximas edições."
Ricardo Branco:
"A Liga deveria nos manter informados diariamente. Muitas vezes sabemos das novidades pela imprensa antes da organização. Falta agilidade."
Marcelo Batistela:
"A Liga demora demais. Quando há uma punição, precisa haver agilidade. Julga-se rapidamente e segue o campeonato. Parar por mais de 30 dias é inadmissível."
João Paulo:
"A Liga e a Comissão Disciplinar deveriam ter resolvido isso com muito mais rapidez. Quem está regular está pagando por um erro que não cometeu. Sabemos que o Figueira usou jogador irregular. Isso precisa ser resolvido logo, e a bola voltar a rolar."
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